4 Sonho de domingo



Antes de tudo, a gente tem que se conhecer ao acaso. Ambos atrasados para algum compromisso, esperando ônibus, fila, qualquer coisa.

Primeiramente, trocaríamos poucas palavras, mas logo o assunto iria começar a render.
Ela ia me mandar um scrap, mas não ia adicionar. Eu ia responder, mas também não adicionaria. Nós dois teríamos essa mania de não adicionar. Faríamos uma aposta e ela perderia, me adicionando enfim. De qualquer maneira, ela nem seria muito fã de Orkut, muito pelo contrário, mas isso não vem ao caso, até mesmo porque ela prefere muito mais ler um livro a usar o computador. A gente conversaria muito mais por telefone que por MSN.

Ela gosta de Los Hermanos. Bastante. Mas não muito de Forfun, ouviria só por minha causa. Curtiria um pouco Indie, mas seria fã mesmo de Adriana Calcanhotto Partimpim. Saberia uma porção de músicas do Chico também.

Um desastre com contas, mas praticamente uma gramática ambulante. Não estuda muito, mas é admiravelmente inteligente. Toca violão e arrisca algumas composições. Apesar da humildade sincera, é excelente. Ama sorvete de melancia e pavê. Adora açaí também.

Calma, inocente e bem-humorada. Prefere o silêncio quando não tem nada melhor pra falar, bem diferente de mim. O silêncio nunca seria desconfortável para a gente. Não implica muito com Crepúsculo, e até acha divertidinho, nada demais.

Jornalismo, Cinema, Design, Arquitetura. Não sei ao certo. Seria boa em qualquer coisa. Apesar de animada, é mais caseira e prefere vazios a multidões. Foi pra uma micareta certa vez... Não pegou ninguém. Não gosta de superficialidade. Demoraria um bom tempo antes do primeiro beijo, e todos eles seriam de cinema.

Como se palavras pudessem descrevê-la...

=)

2 Skins 2x5



Estavam os dois sentados ali, sem rumo, ambos abandonados. Melancólicos e perdidos. Chris e Cassie. Ela divaga:
- Sabe o que é pior de ter o coração partido?
Ele imagina o porquê, mas ela continua sem nem esperar a indagação:
- Não se lembrar de como você se sentia antes. Tente manter esse sentimento...porque se ele for embora, nunca volta.
- O que acontece, então? - Chris pergunta.
Cassie dá um trago no cigarro, respira fundo e diz:
- Você vira um peso morto para o mundo... E para tudo que há nele.

*



Chris está conversando com Tony. Ele acaba de sair da aula de natação. Para crianças.
- Tchau, Tony! - uma garotinha o saúda.
- Te vejo semana que vem, Anna.
Ele morde um pedaço do sanduíche de atum. O olhar? Meio perdido...meio abstrato. Chris pergunta para o amigo:
- Alguma vez você ficou depressivo com...o acidente? - tentando ser cauteloso.
- Ficava - respondeu Tony, sendo bem claro - Mas não adiantava nada. Eu tinha tudo que eu queria, e perdi tudo. Doeu pra porra.
Ele de fato sentia muito. Não tinha como não sentir. Prosseguiu:
- Mas, Chris...Vou conseguir tudo de volta. Aos poucos. Que mais posso fazer?
Chris precisava ouvir algo do tipo. O discurso do amigo serviu-lhe de epifania.